A operação Carne Fraca nos frigoríficos deve causar um estrago formidável nas vendas do setor, dentro e fora do Brasil. A repercussão externa é a que mais preocupa. Neste sábado, o presidente da FAEMG, Roberto Simões, previu o aumento imediato de barreiras à carne brasileira no mercado internacional. “Foram anos de esforços para abrir espaço às nossas carnes e tudo pode cair por terra pela irresponsabilidade de alguns”, comentou entre desolado e indignado.

Baque profundo

Simões não arriscou nenhuma estimativa dos impactos da operação policial na economia rural. Mas, há especialistas no mercado de carnes esperando uma queda de até 40% na comercialização de produtos, ao menos por certo tempo. Trata-se de um escândalo com força para desorientar empresas e desorganizar cadeias por envolver marcas líderes, cujas imagens são afetadas gravemente pelas denúncias de irregularidades. Especialmente as marcas da JBS, estão sendo abaladas e sofrendo restrições de consumo.

País das gambiarras

Não é novidade a promiscuidade no mercado de carnes. As gambiarras para aumentar lucros e lesar consumidores, flagrados na nova operação da PF, são antigas no Brasil. A surpresa é a sua prática por frigoríficos de atuação internacional, um deles após investir milhões em marketing para construir imagem de confiabilidade. A crise das carnes bota mais empresas nacionais importantes na lama onde já estão as maiores empreiteiras, Petrobras e suas fornecedoras. De fato, há tanto empresário brasileiro pego em falcatrua grossa que se torna necessária uma reparação na opinião púbica: não, os políticos não são os únicos responsáveis pela corrupção endêmica no país.

Pânico na bolsa

Os investidores na Bovespa já sinalizaram que a crise das carnes será brava com a venda em massa de papéis de duas empresas envolvidas, BRF e JBS: as ações da 1ª caíram mais de 7% e da outra 10% na sexta-feira. Hoje, elas devem levar novo tombo. Um analista de mercado chega a prever baixa tão acentuada das ações dos grupos frigoríficos nos próximos pregões ao ponto de forçar uma parada temporária na negociação dos papéis.

 

Fonte: Senar