O entendimento dos processos que afetam o desempenho da agropecuária é indispensável para se fazer uma abordagem correta, tirar lições, formular alternativas, planejar melhor, aclarar as causas liminarmente subjetivas, pactuar resultados econômicos, sociais e ambientais, no que couber, com os empreendedores rurais que somam 551.617 estabelecimentos no território mineiro. Um pedaço de rocha, dependendo da sua formação e origem, carrega dezenas de informações geológicas, composições químicas, estruturais e que resultam também na formação dos solos e noutras serventias.

Quando se afirma, por exemplo, que houve uma colheita de milho numa área substantiva de plantio com uma média de 12 mil quilos por hectare colhido, é preciso avaliar as condições que fundamentaram essa produtividade que foi mais do que dobro da média nacional na safra agrícola 2015/16. Algumas perguntas podem ser formuladas, entre as quais; como foi o manejo do solo, a densidade de plantio e as sementes usadas, transgênicas? Teve o plantio direto na palha? Como foram desenvolvidos os tratos culturais da semeadura à colheita?

E mais, houve uma boa distribuição das chuvas? O mercado agrícola era atraente? Essa produtividade média daria a maior rentabilidade à cultura? Quais as fontes de informação acessadas pelo agricultor? Teria havido efetiva e eficiente assistência técnica? Qual o grau de escolaridade desse empreendedor rural, pois a educação se associa à capacidade de inovar? Relaciona-se ele diretamente com a pesquisa agropecuária? Usava práticas culturais alternativas? A agricultura de baixa emissão de carbono(ABC), por decorrência de práticas sustentáveis numa mesma área de cultivos, será também uma janela para o futuro do agronegócio brasileiro num mundo definitivamente urbanizado.

Além disso, confinava animais ou vendia grãos? Comercializava através de cooperativas? Exportava diretamente? Havia um pacote tecnológico orientador? Esses e outros cenários revelam a multiplicidade de dados e informações que podem convergir às produtividades elevadas, ou menos elevadas, e as do milho foram apenas um dos exemplos. Para administrar é preciso conhecer e medir. A difusão de inovações depende dessas e outras radiografias rurais, nos cenários dos sistemas agroalimentares, onde o geoprocessamento abre também mais espaços à adoção de boas práticas e saberes compartilhados.

Evidentemente que um empresário do agronegócio, num contexto muito mais amplo do que o foco na cultura do milho, embora seja ele essencial às exportações, agroindústrias e à alimentação humana e dos rebanhos de pequenos e grandes animais, acessa um universo considerável de informações para a tomada de decisão em seus negócios agropecuários.

Mas existem milhões de pequenos agricultores familiares brasileiros que estão à margem da economia agropecuária e muitas mais leituras precisam ser feitas em seus domínios de campo e numa perspectiva de mercados. Em Minas Gerais, somam 437.415 estabelecimentos rurais com uma área de 8,845 milhões de hectares, segundo o Censo Agropecuário de 2006. O ouvir na extensão rural não deixa de ser uma arte.

A dobradinha milho e soja ou soja e milho responde por mais de 80,0% das safras agrícolas de Minas Gerais e do Brasil. O milho é uma das culturas mais disseminadas no mundo e há registros históricos e científicos de que ele já era cultivado na América Central há 7.300 anos. Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Milho(Abramilho), o plantio de milho irrigado no Chile pode resultar na produtividade média de 18 a 20 mil quilos por hectare. Na safra mineira de grãos 2015/16 a produtividade média de milho foi de 4.900 quilos por hectare e há outra estimativa, safra agrícola 2016/17, de 6.176 quilos por hectare, embora possa ser corrigida (Companhia Nacional de Abastecimento – Conab).

Noutro ângulo, igualmente importante, o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes, no seu artigo “Bem-vindo ao amanhã” ressalta; “o futuro já bate à nossa porta através de três forças, que operam de forma veloz e coordenada; urbanização acelerada, aumento da frequência de eventos climáticos extremos e avanços expressivos no desenvolvimento científico e tecnológico ocorrem como ondas em sinergia”.